Pages

7 de maio de 2012

Como não transformar seus filhos em pequenos fariseus



Educando suas crianças no poder do evangelho

“Eu sinto que estou criando pequenos hipócritas.” Muitos pais temem que seus filhos, uma vez que lhes ensinaram formas adequadas de  comportamento, crescerão como crianças bem comportadas, mas sem o senso da necessidade da graça.
O problema da hipocrisia é maior em lares  que enfatizam o comportamento ao invés do coração. Se o foco da disciplina e da correção é a mudança de comportamento, você perderá o coração. Essa abordagem faz com que o problema esteja no que eu faço, não no que eu sou.
De acordo com a Bíblia, o problema que temos é mais profundo que isso. O problema não está no que eu e você ou seus filhos fazem de errado. O problema não é que nós / eles mentem ou invejam, ou desobedecem. O problema é que você, seus filhos e eu somos mentirosos, invejosos; somos desobedientes.
Pergunte a si mesmo: Um homem é um ladrão porque ele rouba, ou ele rouba porque ele é um ladrão? Ele é um mentiroso porque ele mente, ou ele mente porque é um mentiroso? A resposta da Bíblia é que ele rouba porque ele é um ladrão, mente por ser um mentiroso, desobedece por ser desobediente. Este é o testemunho da Bíblia. “Desde o nascimento os ímpios se desviam, desde o ventre são rebeldes e falam mentiras.” (Salmo 58.3).
Alguém, às vezes, poderá perguntar: “Que tal abordar o comportamento que está errado dizendo-lhes para fazer melhor. Isso não faria parte de ser um bom pai?” A resposta, claro, é que tratar o coração não significa que você não tratará o comportamento, isso apenas lhe diz como abordar com o comportamento. Uma vez que o comportamento é o motivado pelo coração, eu tenho de  falar do comportamento de forma que foque a mudança do coração e não simplesmente a mudança de comportamento.
Esta verdade pode ajudá-lo a manter o centro  do evangelho na correção e disciplina. Você deve ajudar seus filhos a ver os problemas ocultos do coração que estão por trás das coisas erradas que eles fazem. Você terá conversas como esta:
- Filhinho, você sabe que eu estou preocupado que você mentiu para mim. Dizer a verdade é algo que é muito importante nas relações humanas. Se você não pode confiar em mim e eu não posso confiar em você, nós não temos nenhuma cola para manter nossa relacionamento. Você entende o que estou dizendo?
- “Sim” -  ele diz, balançando a cabeça.
- Mas você sabe o que me preocupa ainda mais?
- Não.
- Minha maior preocupação com você é que você é justamente igual a mim. Nós mentimos porque achamos que contar uma mentira será melhor do que dizer a verdade. E, às vezes,  nós amamos mais a nós mesmos do que amamos a Deus. É por isso que contamos mentiras.
É por isso que Jesus veio. Se a nossa necessidade era de alguém nos dizer o que fazer, Deus apenas teria enviado um profeta. O problema que temos é tão grande que só saber o que devemos fazer não é suficiente. Precisamos de um Salvador do nosso pecado e precisamos de alguém que tenha poder para nos livrar.
Se você tiver uma criança precoce, a conversa poderia ser assim:
-  Você nunca contou uma mentira, papai?
- Bem, filhinho, há muitas maneiras de mentir. Podemos, às vezes, contar uma mentira fazendo alguém pensar algo sobre nós que não é verdade. Por isso, sim, às vezes, o papai conta uma mentira. Então, sabe o que eu preciso fazer?
- O quê?
Eu preciso confessar o meu pecado a Deus. Deus diz que Ele vai nos perdoar. (1 João 1.9). E eu também tenho de pedir perdão a quem eu menti. E eu preciso pensar em quem eu estava amando mais do que Deus quando eu menti, e assim posso confessar esse pecado também. Sabe de uma coisa, filhinho? Eu preciso de Deus todos os dias, tanto quanto você. Eu preciso do Seu perdão. Eu preciso dEle para me mudar por dentro, e assim eu O amarei mais que tudo. Eu preciso de Seu poder para amá-Lo e aos outros mais do que eu me amo.
Cada oportunidade de corrigir o seu filho é uma oportunidade para confrontá-lo com a sua profunda necessidade de perdão e graça. Enquanto o comportamento for a sua prioridade você nunca terá espaço para compartilhar o que realmente importa: a esperança e o poder do evangelho.  Se os seus filhos forem como cãezinhos adestrados eles se tornarão pequenos fariseus, limpos por fora e sujos por dentro.
Autor: Tedd Tripp

Traduzido e gentilmente cedido por Charles Grimm 
Fonte: iPródigo.com

2 de maio de 2012

Por um amor que vale a pena




Por Hermes C. Fernandes


Todos sonhamos viver um grande amor. Do tipo que nos deixe sem fôlego, sem sono, sem chão. Uma paixão arrebatadora, digna de um roteiro de cinema.

Poucos, porém, realizam tal sonho. Daí vem a frustração, o desapontamento com o roteiro que a vida nos impõe.

Somos vencidos pela rotina. A monotonia sabota nossos sonhos. 

Não há dragões a serem vencidos pelo mocinho, nem mocinha pra ser salva. Não há príncipe para despertar a princesa de seu sono profundo. O sapo continua sapo, mesmo depois do beijo.

As cores da vida vão se desbotando aos poucos. Fomos enganados. Alguém aí acione o procon da vida! Tudo não passou de um conto… não de fadas, mas do vigário.

É esse súbito desapontamento com a vida o responsável por parir o que chamamos de maturidade. 

Seguimos em nossa jornada, cativos do cronograma existencial. Acordar, escovar os dentes, tomar café, sair pro trabalho, voltar pra casa, jantar, voltar a dormir. Dia após dia, os mesmos cenários, o mesmo script, a mesma dor, o mesmo tudo. Já decoramos nosso papel. Já sabemos o que dizer e como proceder em cada situação ‘inusitada’. Infelizmente, de inusitada só tem o nome. Tudo é absolutamente previsível.

De repente, 30. E mais um pouco, 40. E quando menos esperamos, 50, 60, 70, fui. 

Tomando emprestada a frase de um célebre humorista brasileiro recém falecido, não tenho medo de morrer, tenho é pena. Pena por não ter vivido tudo o que havia pra se viver. 

Os maiores arrependimentos não são por aquilo que fizemos, mas pelo que deixamos de fazer. 

A vida vai passando, escapando-nos pelos dedos, enquanto estamos ocupados com outras coisas.

Mas há os que conseguem escapar da tirania das trivialidades. Há os que se recusam a ser simples engrenagens de um sistema fadado a entrar em colapso. Estes, embora tenham crescido, lá no fundo ainda são crianças. Abaixo da crosta, das camadas geológicas da alma, ainda há um magna buscando passagem, pronto para entrar em erupção.

Estes ainda cortejam a ingenuidade, o idealismo. Não importa o quão desgastados estejam seus corpos, suas mentes seguem intactas, ou nas palavras de Paulo, o apóstolo, seu ‘homem interior’ se renova dia a dia. São os que descobriram que há vida após a adolescência.

Estes não se contentam em ser plateia, figurantes ou coadjuvantes, antes, decidiram protagonizar a história escrita pelo Supremo Roteirista. 

Apesar de crescidinhos, ainda acreditam que o mundo possa ser um lugar melhor. Ainda acalentam sonhos. O cinismo não logrou capturá-los.

Por isso, vivem e deixam viver quem quer que aposte no amor. 

Seu amor contagia. Suas palavras ateiam fogo nos corações ávidos de vida. Sua postura subversiva ante as demandas da vida desafiam seus pares a que deixem o ostracismo e voltem a acreditar num amor que valha a pena.

Sinceramente, espero ser contado entre estes.



Fonte: Hermes Fernandes