Quem é pobre ou doente, está em pecado ou não tem fé. É o que afirmam grande parte das igrejas hoje. No entanto, nem sempre foi assim, a igreja do primeiro século via os pobres e doentes com muito carinho. Aliás, não há promessas de riquezas materiais no novo testamento (nova aliança), mas sim, promessa de sustento e satisfação.
O apóstolo Paulo nos ensina em I Tm 6.7 – 10:
“Porque nada temos trazido para o mundo, nem cousa alguma podemos levar dele.
Tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes.
Ora, os que querem ficar ricos caem em tentação, e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruína e perdição.Tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes.
Porque o amor do dinheiro é raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores.”
E, em Hb 13.5 ele diz:
“Seja a vossa vida sem avareza. Contentai-vos com as cousas que tendes; porque ele tem dito: de maneira alguma te deixarei, nunca jamais te abandonarei.”
E mais, se dizemos que somos cristãos, é lógico e natural que sigamos o exemplo do Mestre não é verdade? Veja o que Jesus disse em Mt 8.20:
“...mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça.”
Na igreja primitiva, os crentes que tinham posses não estavam orando para ter mais, mas estavam vendendo suas propriedades e bens para repartir com os que não tinham.
Seja sincero, você consegue imaginar João Batista, ou Paulo ou qualquer um dos apóstolos (genuínos), pregando que todo cristão deve ser rico e próspero? Que todos os filhos de Deus podem exigir riquezas? Que toda a enfermidade procede do diabo e se alguém está enfermo é porque está em pecado? Se somos filhos de Deus devemos exigir a cura e confessar e seguir confessando que estamos curados?
Você consegue ver Pedro em um culto da “corrente da prosperidade dos empresários”, fazendo um discurso inflamadíssimo, dizendo:
“Irmãos, tenham fé, porque pela fé você vai obter saúde, riqueza, sucesso e poder terreno. Você como ofertante passará a ser dono por herança, de todas as coisas que existem na face da terra, portanto, terá todo o direito de exigir o que Jesus prometeu! E, não se esqueça, anote aí na sua agenda, nesse sábado estarei pregando na corrente da vida regalada e domingo na corrente das almas aflitas.”
Isso significa que o cristão não pode ser próspero e rico? Absolutamente! Claro que pode, o grande problema está na corrida desenfreada atrás dos bens materiais em detrimento da busca de santidade e intimidade com Deus, o que leva, consequentemente, a mudança de vida e gera corações que amam ao próximo e a Deus.
O apóstolo Paulo recomendou: “procurai, com zelo, os dons espirituais.”, mas hoje parece que o dom mais procurado é o dom de adquirir riquezas, difundido por muitos pregadores. Dom este que, aliás, simplesmente não consta na Bíblia. Idéias e valores seculares, travestidos de doutrinas aparentemente bíblicas, têm invadido com extraordinário sucesso muitas igrejas evangélicas. Hoje, ter um encontro com Cristo constitui quase o mesmo que ganhar na loteria. O que importa é ficar "de bem com a vida".
A Teologia da Prosperidade propaga que o plano de Deus para o homem é fazê-lo feliz, abençoado, saudável e principalmente próspero. Ao crente que não partilha dessas bênçãos, atribui-se o estigma de incrédulo ou pecador. O que resulta na concepção de que crente fiel é crente próspero; essas bênçãos materiais passam a ser indicadores de espiritualidade. Quero crer que trata-se de falta de conhecimento. Não posso acreditar em uma enganação deliberada. A impressão que fica é que os pastores e líderes começaram a ler a Bíblia e pararam no velho testamento. Assim, iniciou-se uma grande confusão, onde a idéia de ser cristão é ser uma continuação ou substituição do povo de Israel. Isso é um grave erro.
Fonte: Crente.Q.I.Pensa
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