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10 de junho de 2011

A Família que você sempre quis - Lançamento / Gary Chapman

Da dor Ao Prazer:
Uma jornada pessoal

O que John estava prestes a descobrir em nossa família? Esperava que ele visse pessoas que se importavam em servir — umas às outras e fora do lar.
Esse foi o primeiro passo, dado muitos anos antes, no momento em que nosso casamento se transformou de seco em viçoso.
Entrei no casamento com a idéia de que minha esposa me faria extremamente feliz, que satisfaria meus profundos anseios por companhia e amor. Devo admitir que também desejava fazê-la feliz, mas a maioria dos meus sonhos se concentrava em quão feliz eu seria quando nos casássemos.
Seis meses depois de me casar, estava mais infeliz do que fora nos 23 anos anteriores. Antes do casamento, sonhava com a felicidade que teria — mas, naquele momento, meu sonho se tornara um pesadelo. Descobri todo tipo de coisas das quais não fazia idéia antes de nos casarmos. Nos meses que antecederam o casamento, sonhava como seriam as noites no nosso apartamento. Conseguia visualizar nós dois sentados em nosso pequeno apartamento. Eu ficaria estudando na escrivaninha (fazia pós-graduação), e ela estaria sentada no sofá. Quando me cansasse de estudar, levantaria meus olhos, nossos olhos se encontrariam e haveria doces vibrações entre nós. Depois de nos casarmos, descobri que minha esposa não queria ficar sentada no sofá enquanto eu estudava. Quando eu precisava estudar, ela preferia descer as escadas e visitar outras pessoas do condomínio, fazer novos amigos, usar seu tempo para se socializar. Ficava sentado sozinho em casa, pensando:
“As coisas já eram assim antes de nos casarmos”; a única diferença era que, antes, eu morava numa república, muito mais barata do que aquele lugar. Em vez de doces vibrações, sentia a dor da solidão.
Antes do casamento, sonhava que todas as noites, por volta das 22h30, nos deitaríamos juntos. Ah, ir para a cama com uma mulher todas as noites às 22h30. Que prazer! Depois de nos casarmos, descobri que nunca passou pela cabeça dela se deitar, com qualquer pessoa, às 22h30 todas as noites. O ideal dela era chegar em casa às 22h30, depois de ter ido visitar alguém, e ler um livro até meia-noite. Pensava: “Por que ela não leu o livro dela enquanto eu lia o meu?”. Então, poderíamos ir para a cama juntos. Antes de nos casarmos, achava que todo mundo levantava junto com o sol. Depois do casamento, descobri que minha esposa não era madrugadora. Não levou muito tempo para que eu não gostasse dela, e para ela não gostar de mim.
Fomos muito hábeis em nos tornar totalmente infelizes. Com o tempo, ambos começamos a pensar na razão de nos termos casado. Parecia que discordávamos em tudo. Éramos diferentes em todos os aspectos. A distância entre nós começou a aumentar, e nossas diferenças passaram a gerar discórdia. O sonho acabara, e o pesar era intenso.

A transformação da guerra em paz
Nossa primeira abordagem ao problema foi um esforço rumo à destruição. Eu apontava, sem pestanejar, as falhas dela, e ela, as minhas. Éramos muito bons em ferir um ao outro com regularidade. Sabia que minhas idéias faziam sentido e que, se ela me ouvisse, poderíamos ter um bom casamento. Ela achava que minhas idéias estavam fora da realidade e que, se eu a ouvisse, poderíamos chegar a consenso. Tornamo-nos pregadores sem platéia. Nossos sermões chegavam a ouvidos surdos, e nossa dor só fez crescer. Nosso casamento não se transformou da noite para o dia.
Nenhuma varinha mágica foi agitada. Nosso casamento começou a se transformar no período de um ano, depois de vários anos de casados. Comecei a perceber que encarava nosso casamento com uma atitude muito arrogante e egoísta. Realmente acreditava que, se ela me ouvisse e fizesse o que eu queria, nós dois seríamos felizes; que se ela me fizesse feliz, eu, de alguma maneira, faria questão de retribuir. Pensava que tudo aquilo que me fizesse feliz automaticamente a faria feliz. É duro admitir, mas passava pouco tempo pensando no bem-estar dela.
Meu foco estava em minha própria dor e nas minhas necessidades e desejos não atendidos.
Minha busca por uma resposta para nosso doloroso dilema levou-me a reexaminar a vida e os ensinamentos de Jesus.
Tive a mente invadida pelas histórias que ouvira desde criança sobre os doentes que ele curou, os famintos que alimentou e os necessitados a quem falou com bondade e esperança. Em minhas reflexões de adulto, penso no que teria acontecido se tivesse desprezado aquelas verdades profundas presentes naqueles relatos simples. Com 27 horas de estudos acadêmicos em grego na bagagem, decidi que exploraria a vida e os ensinamentos de Jesus nos documentos originais. O que descobri poderia ter sido encontrado por meio de uma simples leitura dos textos em nosso idioma. A vida de Jesus se concentrou no serviço sacrificial aos outros.
Ele disse certa vez: “[Não vim] para ser servido, mas para servir”. Trata-se de um tema que todos os homens e mulheres verdadeiramente grandes do passado confirmaram.
O real sentido da vida não se encontra em obter, mas em dar. Esse princípio tão profundo poderia fazer alguma diferença significativa em meu casamento? Eu estava determinado a descobrir.

Menos pregação, mais ação
De que maneira uma esposa reagiria a um marido que procurasse servi-la com sinceridade? Que tentasse descobrir suas necessidades e desejos e buscasse satisfazê-los? Sem fazer alarde, nem agir com pressa, comecei a fazer algumas das coisas que ela havia pedido no passado. Naquele instante, estávamos distanciados demais para conversar sobre nosso relacionamento, mas eu podia optar por fazer algo em relação a algumas de suas reclamações anteriores. Comecei a lavar a louça sem que ela me pedisse. Ofereci-me para dobrar a roupa limpa.
Parecia-me que essas eram coisas que Jesus poderia ter feito caso tivesse se casado. Quando ela fazia pedidos específicos, propus-me a reagir com alegria e, se possível, realizá-los. Em menos de três meses, a atitude de Karolyn para comigo começou a mudar. Ela saiu da concha de afastamento e começou a
conversar de novo. Senti que ela percebera que meus dias de pregação haviam acabado e que minha atitude em relação à vida estava mudando.
No devido tempo, notei que ela começou a fazer pequenas coisas que eu pedira no passado. Ela segurava minha mão quando caminhávamos, sorria quando eu tentava fazer uma brincadeira, tocava em mim ao passar pela escrivaninha. Não demorou muito e nossa hostilidade se foi; começamos a ter sentimentos positivos um pelo outro. Lembro-me do primeiro dia em que pensei: “Talvez consiga amá-la novamente”. Não tive sentimentos de amor durante meses, mas apenas de dor, mágoa, raiva e hostilidade. Naquele momento, tudo isso parecia ter desaparecido e foi substituído por sentimentos de afeto.
Peguei-me pensando que não me importaria em tocá-la novamente caso ela deixasse. Não tinha intenção de pedir, mas pensei: “Se ela não se importar, também não me importo”. Antes da primavera, aquele pensamento se tornou realidade. Sentimentos românticos renasceram, e a intimidade sexual, que parecia tão distante, havia se tornado realidade. Demos a volta completa. Não éramos mais inimigos pregando um para o outro; nós nos tornáramos sensíveis aos desejos um do outro.
Nossas atitudes passaram a ser de serviço, não de exigência.
Começamos a colher os frutos da intimidade.
Tudo isso aconteceu numa época que, hoje, parece um passado longínquo. E, naquele momento, ali estávamos nós, com dois filhos e um estranho. Procuramos ensinar a nossos filhos  aquilo que considerávamos ser um dos mais importantes ingredientes de uma família saudável: uma atitude de serviço.
Será que John perceberia isso? Algo assim era passível de ser descoberto por meio de observação? Minha esperança sincera era que sim.

Trecho do Livro: " A Família que você sempre quis" - Gary Chapman
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