Se vocês permanecerem em mim, e as minhas palavras permanecerem em vocês, pedirão o que quiserem, e lhes será concedido. (João 15.7 NVI)
“Cabummm”! Com estas palavras mágicas, candidatos a feiticeiros e super-heróis evangélicos têm prometido mover céus e terra através da fé. Cura de doentes terminais, conquista de amores impossíveis, eleição para cargos do alto escalão político, enriquecimento relâmpago: tudo é possível de se alcançar. O inacreditável está a um passo de nós.
Cristãos mais ortodoxos e tradicionais retrucam, alegando exageros nesta interpretação. Neopentecostais revidam, defendendo uma observação literal da passagem em debate. Cá entre nós, parece que os apimentados neopentecostais tem boa dose de razão. Note que o texto é claro: “Vocês pedirão o que quiserem, e lhes será concedido”.
Mas, espere um pouco. As palavras anteriores do mesmo texto exigem uma nova interpretação da passagem. Elas afirmam que “Se nós permanecermos em Cristo, e Suas palavras permanecerem em nós, pediremos o que quisermos, e nos será concedido.” (João 15.7, adaptado).
O texto é claríssimo. Tudo o que pedirmos a Cristo nos será dado. Só que não para por aí. O melhor está nas entrelinhas da mensagem. Lamento jogar água nas labaredas da interpretação neopentecostal, mas precisamos mirar nossos olhos na essência da mensagem do Mestre.
O que acontece é que quando nós permanecemos em Cristo, e as suas palavras permanecem em nós, a qualidade dos nossos pedidos muda. E como muda! Quando nos alimentamos dia e noite da Palavra de Deus, e quando Cristo realmente habita e dirige nossas vidas e corações, acredite, nossos pedidos tem outro propósito e sentido.
Não usamos mais essas palavras de Jesus como vara de condão, nem como palavras mágicas tiradas de livro de bruxaria, aprendendo assim a técnica de arrancar milagres do céu. Não mais “botamos Deus contra a parede” exigindo que, mediante demonstração da nossa fé, nos ajude a passar em concursos públicos, vestibulares, que nos dê rios de dinheiro, nem que cure nossos parentes e amigos de doenças terminais.
Quando as palavras de Jesus abundam em nossos corações, aprendemos a orar como o próprio Jesus: “Pai, acima de tudo, seja feita a tua vontade, e não a minha” (Lc 22.42). Jesus reafirmou o valor de sua relação com Deus pedindo que fosse “feita a Sua vontade, assim na terra, como no céu” (Mt 6.10).
O mais gostoso na vida cristã e depender totalmente de Deus. Saber que Ele cuida de nós. Que esquadrinha nosso futuro (Sl 139). Que nos sustenta (Sl 145.14). Que renova, diariamente, suas misericórdias sobre nossas vidas (Lm 3.22). Que nos ama (Jo 3.16). E que move céus e terra para que não andemos ansiosos por coisa alguma das nossas vidas, como por exemplo, quanto ao que haveremos de comer, beber ou vestir, afinal de contas, Ele sabe que precisamos de todas essas coisas (cf. Mt 6). Devemos buscar conhecer mais o Deus que servimos e que nos salvou. Devemos aprender a depositar nEle nossa confiança, pois Ele tem, de maneira extraordinária e inigualável, “cuidado de nós” (1 Pedro 5.7).
Francisco Helder Sousa Cardoso
Via: Genizah
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