
imagem via: ampersandampersand
Existem alguns crentes professos que falam sobre si mesmos em termos de admiração. Todavia, em meu íntimo, detesto mais e mais esses discursos, a cada dia que eu vivo. Aqueles que falam dessa maneira arrogante devem possuir uma natureza muito diferente da minha. Enquanto eles estão congratulando a si mesmos, tenho de me prostrar aos pés da cruz de Cristo e admirar-me de que estou salvo, pois sei que fui salvo. Tenho de admirar-me de não crer mais profundamente em Cristo e de que sou privilegiado por crer nEle. Tenho de admirar-me de não amá-Lo mais profundamente, mas igualmente devo admirar-me até de que O amo de alguma maneira. Devo admirar-me de não possuir mais santidade e admirar- me, igualmente, de que eu tenho algum desejo de ser santo, levando em conta quão corrompida, degenerada e depravada natureza eu ainda encontro em minha alma, apesar de tudo o que a graça de Deus tem feito em mim. Se Deus permitisse que as fontes do grande abismo da depravação se rompessem nos melhores homens que vivem neste mundo, eles se tornariam demônios tão maus como o próprio diabo. Não me importo com o que dizem esses vangloriosos a respeito de suas próprias perfeições. Estou certo de que eles não conhecem a si mesmos; se conhecessem, não falariam como freqüentemente o fazem. Mesmo no crente que está mais próximo do céu existe combustível suficiente para acender outro inferno, se Deus tão somente permitisse que uma chama caísse sobre ele. Alguns crentes parecem que nunca descobrem isto. Eu quase desejo que eles nunca o descubram, pois esta é uma descoberta dolorosa para qualquer um fazer; mas ela tem o efeito benéfico de fazer que paremos de confiar em nós mesmos e de nos levar a nos gloriarmos somente no Senhor.
Charles H. Spurgeon
Fonte: Marcados para Impactar
Sabe o que é ser exposto publicamente, sendo acusado injustamente por pessoas que você amava profundamente? Eu sei. Sabe o que é preferir calar-se diante das acusações, não por consentir com elas, mas simplesmente para viver exatamente o que você pregava? Eu sei.
Você sabe o que é ser ameaçado de morte à porta da igreja que você pastoreou com tanto amor? Eu sei. Sabe o que é ter que entregá-la ao grupo dissidente por causa de ameaças à sua família? Eu sei.
Você sabe o que é ouvir dos lábios do médico que sua filha que acaba de nascer terá problemas físicos e mentais pro resto da vida? Eu sei.
Você sabe o que é perder tudo da noite pro dia por causa de uma convicção e passar a depender de bolsas de compras de sua sogra? Eu sei. Sabe o que é ter que tirar seus filhos da escola por não poder arcar com os custos? Eu sei.
Sabe o que é ter uma arma apontada no momento em que subia o púlpito pra pregar? Eu sei.
Sabe o que é ter sua casa apedrejada por causa do Evangelho? Eu sei.
Sabe o que é ver sua esposa sofrer terrivelmente a perda de sua mãe e não poder levá-la pra sepultá-la por estar legalmente impossibilitado de voltar ao seu país? Eu sei.
Sabe o que é ser suspenso de comunhão de sua igreja por algo que não fez? Eu sei.
Sabe o que é ver sua casa se encher de água até a altura do peito, perdendo muito daquilo que lhe custou anos de trabalho? Eu sei.
Por que estou colocando tudo isso aqui? Você vai entender.
Certamente há experiências que você tem tido em sua vida que eu sequer sonhei passar por elas.
Por que Deus nos permite viver tudo isso?
Porque o sofrimento visa nos qualificar.
Se não, confira comigo o que dizem as Escrituras.
Isaías profetiza acerca de Cristo, chamando-O de “homem de dores, e experimentado no sofrimento” (Is.53:3). É claro que Seu sofrimento tinha valor expiatório, o que significa que visava em primeiro lugar o bem alheio. Entretanto, Seu sofrimento também tinha como objetivo qualificá-lO para ser tanto nosso Redentor quanto nosso Intercessor. O escritor de Hebreus diz que Jesus, “embora sendo Filho, aprendeu a obediência por meio daquilo que sofreu e, tendo ele sido aperfeiçoado, veio a ser o autor da eterna salvação para todos os que lhe obedecem”(Hb.5:8-9). Mesmo as tentações pelas quais teve de passar conferiu-Lhe a experiência necessária para que pudesse “compadecer-se das nossas fraquezas” (Hb.4:15). Foi por meio de tudo que passou como ser humano, que Cristo habilitou-Se a “salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles” (Hb.7:25). Interessante isso… Cristo não vive para Si!
Não há dor humana que Ele desconheça. Quando recorremos à Sua compaixão, Ele sabe exatamente do que estamos falando. Ele já sentiu na pele o que é ser traído, abandonado, escarnecido, ameaçado, espancado, tentado, negado, etc. Por isso é capaz de compadecer-Se de nós. Uma coisa é compreender nosso estado de miséria. A isso chamamos de misericórdia. Outra coisa é ter experimentado nossas dores. A isso chamamos de compaixão. Como Deus, Ele poderia ter misericórida de nós sem ter que descer ao nosso nível. Mas somente como homem Ele poderia compadecer-Se.
E quanto a nós? Por que temos que passar por tanta coisa?
Paulo nos oferece três respostas. Em sua epístola aos Filipenses, o apóstolo dos gentios confessa:“Sei passar necessidade, e também sei ter abundância. Em toda maneira, e em todas as coisas aprendi tanto a ter fartura, como a ter fome, tanto a ter abundância, como a padecer necessidade. Posso todas as coisas naquele que me fortalece. Todavia, fizestes bem em tomar parte na minha aflição” (Fp.4:12-14).
Esta passagem nos oferece a primeira resposta. Nosso sofrimento oferece aos irmãos a oportunidade de “tomar parte” em nossa aflição. Infelizmente nosso orgulho nos faz sentir incomodados quando nossa situação desperta compaixão de outros. Queremos ser sempre pessoas bem-sucedidas que despertem admiração, não compaixão. É por isso que há tanta gente nas igrejas comendo sardinha e arrotando caviar. Mesmo comendo o pão que o diabo amassou, umas preferem ficar caladas, como se tudo estivesse bem, enquanto outras preferem gabar-se do que não têm.
A igreja cristã deveria ser um lugar onde se pudesse compartilhar não apenas nossas boas experiências, mas também nossas necessidades e frustrações. Parece que estamos mais preocupados em vender uma imagem do que em transmitir a verdade. Se não expusermos nossas necessidades, como daremos a outros a oportunidade de exercer o amor?
A segunda resposta que Paulo nos dá está em sua segunda carta aos Coríntios:
“Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das misericórdias e o Deus de toda a consolação, que nos consola em toda a nossa tribulação, para que também possamos consolar os que estiverem em alguma tribulação, com a consolação com que nós mesmos fomos consolados por Deus. Pois as aflições de Cristo transbordam para conosco, assim também a nossa consolação transborda por meio de Cristo. Se somos atribulados, é para vossa consolação e salvação; se somos consolados, para vossa consolação é, a qual se opera suportando com paciência as mesmas aflições que nós também padecemos. A nossa esperança acerca de vós é firme, sabendo que, como sois participantes das aflições, assim o sereis também da consolação” (2 Co.1:3-7).
Pode me fazer um favor? Não pule esta parte! Leia e releia atentamente. Aliás, é um favor que você faz a si mesmo.
Pena que os movimentos de prosperidade e fé pareçam ignorar o que Paulo diz aqui. Para muitos, sofrimento é sinal de incredulidade, enquanto para outros é castigo de Deus. Precisamos de uma teologia que leve em conta o fato de que “o que acontece ao ímpio, também acontece ao justo”. A diferença está na maneira como cada um se porta diante do sofrimento. Quem vive uma espiritualidade umbigocêntrica fica a se questionar: O que foi que eu fiz pra merecer isso? Onde está Deus que não intervém? Mas o que vive uma espiritualidade sadia, voltada para o próximo, se pergunta: Em que esta situação pode beneficiar a outros?
Como podemos consolar os que sofrem se nunca passamos pelo que eles estão passando? Se nos portarmos como supercrentes, imunes a todo sofrimento humano, estaremos agravando ainda mais a dor e a culpa de quem sofre. Quando revelamos nossa vulnerabilidade perante nossos irmãos, estamos mostrando que Deus não tem filhos prediletos, e que ninguém está isento de sofrimento neste mundo, independente de nossa posição ministerial ou da “graduação” da nossa fé.
Quando escreveu para os cristãos dispersos por causa da primeira grande perseguição, Pedro declarou: “Amados, não estranheis a ardente prova que vem sobre vós para vos tentar, como se coisa estranha vos acontecesse. Mas alegrai-vos no fato de serdes participantes das aflições de Cristo…” (1 Pe. 4:12-13a). “Coisa estranha” é um cristão genuíno que não sofra neste mundo. Afinal de contas, “todos os que desejam viver piamente em Cristo Jesus padecerão perseguições” (2 Tm.3:12). A intenção de Paulo e de Pedro é a mesma: consolar os que sofrem. Se está acontecendo com vocês, saibam que já aconteceu ou está acontecendo conosco também.
Deus não nos chamou para o sucesso, mas para a fidelidade à toda prova. Ser bem-sucedido aos olhos de Deus é o mesmo que ser fiel até a morte.
A terceira resposta está em 2 Co.12:9-10:
“Mas ele me disse: A minha graça te basta, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. Portanto, de boa vontade me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo. Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Pois quando estou fraco, então é que sou forte.”
É o sofrimento que nos ensina a depender inteiramente da graça. Aprendemos o quanto somos fracos, vulneráveis, como “vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós” (2 Co.4:7). E é aqui que se dá o encaixe perfeito entre nossa insuficiência e a suficiência de Cristo. Chegamos ao ponto de sentir prazer no que deveria nos causar repulsa. Não que o sofrimento em si tenha algum valor, e sim o sofrimento “por amor de Cristo”. Então, que nos persigam! Que nos afrontem! Que nos caluniem! Ou até que nos tirem a vida! Que se cumpra em nós esta palavra:
“Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados; perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos” (2 Co.4:8-9).
E que assim sejamos impulsionados a depender mais da graça de Deus do que de nossas próprias forças.
Sente-se injustiçado, perseguido, atribulado? Bem-vindo ao clube!
Fonte: Genizah
Qual é o mau dos olhos deles? O que é mau nos olhos deles, é que eles não vêem a misericórdia do mestre como bela. Elas a vêem como feia, desagradável. Eles não vêem realmente o porquê daquilo. Eles não têm um olho que possa ver a misericórdia como sendo mais preciosa do que o dinheiro.
Minha maior preocupação (que me levou a escrever o livro) é que muitos cristãos, especialmente na América, parecem estar tão fascinados com sucesso, popularidade, poder e prestígio quanto as pessoas que estão ao seu redor. Materialismo, consumismo, individualismo e narcisismo – ideais culturais que são a antítese da natureza sacrificial do Evangelho – estão prevalecendo tanto dentro da igreja, como fora. É triste que a igreja americana seja mais conhecida por produzir estrelas auto promovidas do que servos humildes.
Se cristãos praticantes fizessem uma lista honesta de quais objetivos e desejos os motivam, descobriríamos que eles não são realmente diferentes do mundo ao nosso redor. Portanto, não temos nenhum direito de apontar o dedo em acusação para aqueles que estão do lado de fora da igreja por conta da situação do mundo atualmente. Muitos estudos mostram que cristãos são praticamente iguais aos não cristãos no que se trata de buscar fama e fortuna. Cristãos querem se adaptar como qualquer pessoa. Então nós, como qualquer pessoa, gastamos nosso tempo, dinheiro e intelecto buscando o que todos estão buscando, seja lá o que for.
O problema é: eu quero ser um grande cristão, e eu quero que você também seja. Eu quero que a igreja esteja cheia de pessoas como Policarpo. Policarpo foi um homem cheio do Espírito; eu quero ser um homem cheio do Espírito. Toda a existência de Policarpo foi dedicada a Deus e seus caminhos ‘fora de moda’. Nada além disso pode explicar sua perspectiva divina durante o momento mais difícil de sua vida. Ele se recusou a desistir e se deixar levar. Para ele, seguir a Deus não era uma piada ou um concurso de popularidade. Era um homem inebriado por Deus que viveu sua vida coram Deo (perante a face de Deus) e que não tinha medo de qualquer coisa que esse mundo pudesse fazer a ele.
Eu não sei você, mas eu não quero brincar com a minha vida. Eu quero largar tudo em nome de Cristo. Eu não quero que minha espiritualidade tenha um quilometro de comprimento e um centímetro de profundidade. Eu quero ter a coragem de não me importar e ser fora de moda. Sinto-me envergonhado por aqueles momentos em que tenho medo de ser ridicularizado em nome de Cristo por que o mundo pode pensar que eu sou muito estranho. Eu quero seguir incansavelmente a Deus e a sua vontade, independentemente do que vão pensar de mim. Quero viver minha vida, como diriam os Puritanos, diante de “uma platéia Única”.
Cristãos que tentam convencer o mundo ao seu redor que não são diferentes em nada, esperando ser aceitos pelos padrões do mundo deveriam se envergonhar. É hora dos cristãos aceitarem o fato de que são pessoas peculiares. Já que os verdadeiros seguidores de Jesus receberam um novo coração e uma nova mente, devemos agir de acordo com um novo padrão, com objetivos e motivações diferentes. Tudo ao nosso respeito – nossa perspectiva sobre riquezas, estilo de vida e relacionamentos – deve ser fundamentalmente diferente do mundo ao nosso redor: “Adoramos o que não podemos ver, amamos o que não podemos tocar, e vivemos pelo que não podemos possuir”. Para o mundo ao nosso redor, isso vai parecer diferente, sem graça, e estranho; passou da hora dos seguidores de Jesus aceitarem isso.
Traduzido por Filipe Schulz
Fonte: iPródigo