Estes dias tenho aprendido que somente um coração completamente despojado de suas próprias vontades, vazio de si mesmo e humilde pode realmente viver em perfeita amizade com Deus.
Aprendemos que devemos nos esvaziar de nós mesmos, ter a nossa carne crucificada juntamente com Cristo, dependermos somente do Senhor... mas, a verdade é que muitas vezes isso não tem passado de teoria em nossas vidas. Trabalhamos muito, corremos de um lado para o outro, enfrentamos a pressão do dia a dia, lutamos por nossos sonhos, estudamos em busca de uma melhor formação, estabelecemos prioridades em nossas vidas que muitas vezes não são as prioridades de Deus para nós.
Não é ilegítimo ter sonhos, desejar algo ou lutar por isso, não! O que quero dizer é que poucas vezes paramos a nossa rotina pra ouvir a voz de Deus nos dizendo, muitas vezes, que esse não é o caminho. O caminho da satisfação humana nos leva a um caminho de afastamento de Deus.
Oswald Chambers disse que “Quanto mais você se realizar, menos buscará a Deus”.
Essa, com certeza, não é uma mensagem que costumamos ou gostamos de ouvir. Mas é a realidade dura de que muitos de nós precisávamos ou precisamos saber!
A renúncia é um processo que envolve libertação, entrega, resignação, rendição, concessão e entrega total de algo. Não é um processo fácil! É diário, permanente e, por vezes, doloroso. Mas é o único caminho que realmente nos faz experimentar a plenitude de Deus, é o estreito caminho para o esconderijo do Altíssimo. É a íngreme montanha que nos leva à intimidade com o Senhor.
“ E ele morreu por todos, para que os que vivem não vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou ” 2 Co 5:15.
“... e Deus escolheu as coisas humildes do mundo, e as desprezadas, e aquelas que não são, para reduzir a nada as que são, a fim de que ninguém se vanglorie na presença de Deus”. 1 Co 1:28-29.
Se desejamos viver a vida de Deus, ser usados poderosamente para abençoar outros, ter um ministério cheio da glória do Senhor, devemos entender algo: precisamos morrer para nós mesmos, abrir mão de tudo aquilo que nos afaste ou ao menos não nos deixe crescer em Deus.
Se você foi chamado por Deus prepare-se para um longo período de ter que abrir mão de muitas coisas (inclusive de muitos de seus sonhos legítimos), passar por durar provas de fé e, enfim, reconhecer que você não é NADA sem o doce amor e a misericórdia de Deus. Prepare-se para a interrupção de muitos de seus planos para o futuro, conte a com a intervenção, nem sempre desejada, de Deus em sua vida. E, enfim, quando você perceber que necessita somente da presença do Amado, que os seus desejos, que estão fora dos planos de Deus, não lhe servem mais e você se sentir completamente imerecedor dessa graça e perdido sem a direção de Deus: você estará pronto!
“Deus escreve o novo nome só naquelas áreas de nossa vida das quais Ele apagou o orgulho, a auto-suficiência e o egoísmo” O. Chambers.
Enquanto não estivermos totalmente convictos de que somos indignos, Deus continuará a nos moldar, até conseguir que nos entreguemos totalmente a Ele.
O maravilhoso desse processo é que Deus trabalha em nós para nos fazer depender dele e assim possamos ser usados com mais autoridade e poder nessa terra.
Muitos homens e mulheres de Deus têm caído na armadilha do diabo de se tornarem auto-suficientes e cheios de si. Após alcançarem um certo nível de autoridade na igreja, de terem seus ministérios reconhecidos em vários lugares, deixam entrar no seu coração a corrupção: o dinheiro, a fama e notoriedade alcançadas, os dons (super-ministros)...muitas vezes são o início do apogeu.
Deus não está atrás de homens com chamado, a igreja está cheia de homens com chamado! Deus procura pessoas obedientes ao chamado! Filhos que não vão se corromper pelas coisas desse mundo, que não vão se tornar cheios de si mesmos (cuidado com as “estrelas cadentes”), que não trocam seu chamado por um prato de lentilhas.
Por isso, a bíblia diz que muitos são chamados e poucos escolhidos. Somente os obedientes são escolhidos!
Deus não nos encherá até que estejamos completamente vazios de nós mesmos.
Nossa batalha é contra principados e potestades, mas, sobretudo, com a carne.
“ Por que a carne milita contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne, porque são opostos entre si, para que não façais o que, porventura, seja do vosso querer ”. Gl 5:17.
As inclinações da nossa carne nos traem, nos enganam e nos afastam de Deus. Devemos ser cheios, completamente embriagados pelo Espírito, dominados por ele!
Sabe, Deus não nos violenta, não nos obriga a nada. Mesmo sendo o Todo Poderoso, criador de todo o universo, ele “está à porta e bate”, isto quer dizer que ele espera até que o convidemos para fazer parte da nossa vida.
Deus permitirá que você faça as coisas da sua maneira e também que experimente as conseqüências disso. Deus quer servos voluntariosos que deliberadamente desejem lhe seguir. Deus não luta conosco para abrirmos mão da nossa vontade. Se desejamos fazer algo que está fora da sua vontade, ele simplesmente permite que façamos. Os israelitas no deserto experimentaram isso:
“... mas logo se esqueceram do que ele tinha feito e não esperaram para saber o seu plano. Dominados pela gula no deserto, puseram Deus à prova nas regiões áridas. Deu-lhes o que pediram, mas mandou sobre eles uma doença terrível” Sl 106:13-15.
Moisés foi um homem que experimentou o processo de renúncia de Deus, nos primeiros 40 anos de sua vida ele aprendeu a ser príncipe na casa de Faraó, tornou-se um homem arrogante e confiante no próprio braço. Os 40 anos seguintes ele passou no deserto, aprendeu a ser pobre e a renunciar tudo o que havia antes conquistado. E então, nos próximos 40 anos, aprendeu a ser um profeta de Deus.
Ele aprendeu o valor da humildade na escola da renúncia do deserto e isso o qualificou ser um amigo de Deus e avista-lo face a face.
O poder do reino de Deus somente é liberado na terra quando há renúncia.
“Jamais amadureceremos ou tomaremos posse do poder que há em Deus a menos que nosso eu seja subjugado e estejamos dispostos a entregar tudo a Deus” Tommy Tenney.
Na bíblia, existiu um lugar que era símbolo de renúncia e crescimento espiritual. Esse lugar se chamava Betel. Na verdade, Betel era um lugar de decisões, um lugar para submeter-se, render-se à vontade de Deus, lugar onde um crente morre para os seus próprios desejos, ou um lugar onde o fracasso pode ser grande, por não haver submissão à vontade de Deus.
Em Betel, foi onde Eliseu decidiu seguir Elias até Jericó e ali recebeu porção dupla da unção que estava sobre Elias. Foi o lugar onde Abraão armou sua tenda e tomou a decisão de viver para Deus. Foi ali que o seu neto, Jacó, disse a Deus que haveria de segui-lo e servi-lo. Foi o lugar para onde Jacó retornou, onde lutou com o Anjo do Senhor e foi transformado de Jacó para Israel. Foi também o lugar onde Samuel ouviu, pela primeira vez, a voz de Deus. Foi igualmente o lugar onde Saul rejeitou a palavra de Deus e perdeu tudo.
Quando chegamos nas portas da renúncia temos a decisão de deixar tudo e nos submeter à vontade e ao perfeito chamado de Deus ou de vivermos nossa vida da nossa maneira, negligenciando os sonhos de Deus para nós.
A escolha é nossa! Decida seguir a Deus e ver os seus sonhos, ministério, família, serem completamente transformados pelo poder da ressurreição, que está sobre aqueles que foram crucificados com Cristo e que desfrutam, juntamente com ele, de vida plena!
“ ...pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus;antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens;e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até a morte de cruz, pelo que Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome ” Fp 2:6-9.
Deus abençoe!
Autor: Fred Arrais
Nenhum comentário:
Postar um comentário